100 anos das relações oficiais entre a Finlândia e o Brasil

A independência da Finlândia foi reconhecida pelo governo brasileiro em 1919, quando os dois países estabeleceram relações oficiais

Telegrama enviado pelo Governo Brasileiro reconhecendo a Independência da Finlândia

Neste ano celebramos o centenário das relações oficias entre a Finlândia e o Brasil. O Brasil reconheceu, em 26 de dez. de 1919, a independência da Finlândia, proclamada em 6 de dez. de 1917. Alguns meses depois o Brasil abriu o seu Consulado em Helsinki, e 10 anos mais tarde, em 1929, foram concluídas as relações diplomáticas e depois os dois países instalaram embaixadas nas capitais de ambos os países.

 

A Finlândia se proclamou independente do Império Russo em 1917, ao qual tinha pertencido como um Grão-Ducado autônomo desde 1809. O Grão-Ducado da Finlândia foi governado separadamente da outra Rússia, com leis, parlamento, moeda e Correios próprios. A revolução russa permitiu a independência total depois que o Grão-Duque – também Imperador da Rússia – foi morto e o Parlamento da Finlândia tomou poder supremo no país.

 

Os países vizinhos à Finlândia já haviam reconhecido a sua independência em 1918. Muitos países fora da Europa – como Estados Unidos, Japão e Brasil – esperaram o término da 1ª Guerra Mundial para fazê-lo. Já em maio de 1919, o Ministro finlandês em Paris recebeu a tarefa de adquirir o reconhecimento do Brasil, que chegou em 28/12/1919, por telegrama assinado no Rio de Janeiro pelo então Ministro das Relações Exteriores José Manuel de Azevedo Marques.

 

As relações fino-brasileiras são naturalmente mais longas que 100 anos. O café brasileiro popularizou-se na Finlândia cedo, e Dom Pedro II visitou o país europeu em 1876. Naturalistas finlandeses visitaram o Brasil no início dos anos 1800. Os finlandeses, povo que mais bebe café no mundo inteiro, ficaram felizes quando o Brasil decidiu apoiar a Finlândia na 2ª Guerra Mundial, doando 10 mil sacas de café. Entre os países existia uma linha regular de barcos desde os anos 1920 até 1960. As embarcações levavam café à Finlândia e traziam papel e papelão ao Brasil. As relações econômicas se fortaleceram nos anos 1960, quando uma fábrica de tratores finlandeses foi fundada no Brasil.

 

As relações políticas se estreitaram nos anos 1980, quando começaram as visitas ministeriais. O primeiro Presidente da Finlândia visitou o Brasil em 1997, e o primeiro Presidente do Brasil foi à Finlândia em 2007. A Finlândia ganhou fama no Brasil com sua tecnologia de energia, mineração e telecomunicação. Por sua vez, o Brasil ficou famoso na Finlândia por seus minerais e produtos agrícolas, além de aviões a jato. Hoje a cooperação inclui também os setores de educação, ciências e inovação. O Brasil é o maior parceiro comercial da Finlândia na América Latina. A Finlândia detém a Presidência rotativa da União Europeia na segunda metade de 2019, ao mesmo tempo em que o Brasil preside o Mercosul.

 

Em 1929, foi fundada Penedo (RJ), colônia finlandesa que recebeu aproximadamente 300 imigrantes ao longo dos anos. A cultura finlandesa está presente até hoje em Penedo, com o Clube Finlândia e as danças tradicionais, o Museu Finlandês e o parque temático Pequena Finlândia, onde fica o posto tropical do Papai Noel, original da Lapônia finlandesa. Entre os primeiros imigrantes, chegou a artista Eila Ampula, que juntou tradições finlandesas a temas brasileiros em suas tapeçarias. A obra de Ampula feita para a Residência Oficial do Embaixador da Finlândia em Brasília em 1973 foi uma escolha natural para o selo que homenageia as relações oficias centenárias entre Finlândia e Brasil.

 

*Telegrama enviado pelo Ministro das Relações Exteriores José Manuel de Azevedo Marques:

 

“Tenho a honra que comunicar à Vossa Excelência, por ordem do Senhor Presidente da República, que o Governo Brasileiro resolveu reconhecer a Independência da Finlândia, como ele já havia feito tacitamente ao admitir que a legação da Suécia aqui seja responsável pelos interesses finlandeses no Brasil, e também reconhece o atual governo constituído na Finlândia”. Azevedo Marques, Ministro das Relações Exteriores