Os sámi levantam sua bandeira em Helsinque

Fran Weaver

Helsinque concentra maior número dos indígenas sámi do que qualquer outra localidade na sua terra natal ártica, porém enfrentam os desafios, para manter a língua, a cultura e a identidade.

Foto: Pirita Näkkäläjärvi As bandeiras sámi e finlandesa lado ao lado em frente à Prefeitura de Helsinque. ©Pirita Näkkäläjärvi

 

 

Como muitos dos sámi que vivem na capital da Finlândia, Pirita Näkkäläjärvi, 30, deixou a Lapônia na sua juventude para estudar. Hoje ela trabalha como especialista de fusões e aquisições de Nokia, perto de Helsinque. Sempre que der, ela se dirige ao norte do país para participar dos festivais sámi e para ficar com sua família que cria renas e administra uma rede de lojas de souvenirs em Inari, Ivalo e Levi.

Näkkäläjärvi não sente ambiguidade na sua identidade dupla. "Primeiro sou sámi mas tenho orgulho de ser cidadã finlandesa também", ela explica.

Quando Näkkäläjärvi, após alguns anos no sul, começou a se distanciar das suas raízes, ela fundou uma seção de jovens na associação dos City-Sámit. "Por vinte anos os City-Sámit têm ajudado os sámi em Helsinque a manterem sua conexão com nossa cultura", diz Näkkäläjärvi. "Eu espero ansiosamente pelas nossas reuniões para poder falar o meu idioma."

Dia nacional dos sámi

Um dos destaques do ano é o dia nacional dos sámi celebrado em 6 de fevereiro. Neste dia, os City-Sámit se vestem nos seus trajes tradicionais, levantam a bandeira sámi em frente à Universidade de Helsinque e cantam, com orgulho, o hino sámi.

"No último fevereiro, fiquei contente em ver nossa bandeira também nos hastes da Prefeitura," lembra Näkkäläjärvi. "É bom ter a atenção da mídia para os assuntos dos sámi pelo menos uma vez ao ano – e meus colegas na Nokia muitas vezes vem me desejar felicidades ao perceberem a data nos seus calendários."

Música: de yoik ao rap


Foto: Outi Pieski Crianças tocam o piano na festa de natal dos City-Sámit. ©Outi Pieski.

Em torno de 1,000 dos quase 8,000 sámi vivem na região de Helsinki. Muitos visitam regularmente os eventos culturais organizados ou acompanhados pelos City-Sámit, como os shows do rapper sámi Amoc ou da banda de heavy metal de Tiina Sanila. O grupo de música folclórica Angelit também se destaca na cultura sámi no sul com sua fusão única de música pop e o tradicional canto sámi chamada de yoik (joiku).

"Exige-se realmente um esforço para manter a cultura e a língua sámi quando se vive fora a terra tradicional – especialmente para pais que querem repassar a identidade para a próxima geração," diz Näkkäläjärvi. "Temos feito uma campanha, com êxito, para conseguirmos um programa infantil para as crianças sámi na TV, mas é difícil conseguir manter uma escolinha no idioma sámi."

Assuntos não resolvidos

Foto: Outi Pieski


Foto Outi Pieski. Em 2005 os sámi fizeram uma demonstração em frente ao Parlamento para terem programas no idioma sámi para as crianças na TV.©Outi Pieski.

A cultura sámi tem se mantido viva no sul da Finlândia graças aos esforços dos voluntários. Näkkäläjärvi gostaria que o Parlamento sámi, situado na cidade de Inari desse mais apoio aos sámi exilados. "Temo que os sámi do sul se assimilem e se tornem finlandeses caso as autoridade não façam nada," diz ela. "Nossa pequena nação não pode perder mais ninguém!"

Näkkäläjärvi também apoia o Parlamento sámi na campanha dos direitos à terra na região sámi, onde os interesses da indústria florestal e de minas entram, muitas vezes, em conflito com a tradicional criação de renas. A Finlândia tem sido criticada, repetidas vezes, pelas organizações como a ONU por não reconhecer totalmente os direitos dos sámi como povo indígena. Näkkäläjärvi espera que tais conflitos possam ser resolvidos de maneira pacífica, ressaltando que a Lapônia tem espaço para todos.

"Os sámi da Finlândia não estão mal - comparados com grupos indígenas minoritários em outros países - porque temos acesso aos mesmos padrões de vida, aos mesmos serviços de saúde e de educação que os finlandeses," ela explica, "Entretanto, temos de enfrentar ainda problemas típicos como o direito à terra, a migração às cidades e a luta para mantermos nosso idioma e a nossa cultura."

O último povo indígena da Europa

Os sámi hoje contam com uma população de 100 000, espalhados em quatro países: Noruega (approx. 70 000), Suécia (20 000), Finlândia (8 000) e Rússia (2 000).